Filhos do Céu Infinito
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Atras de pistas
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Memorias de um Tuchuk I

- Está maluco, Yanko!!! Se te pegam ai dentro, não vai sobrar sequer um dente teu na boca!!
Eu ouvia as palavras de Igor, enquanto vestia o manto que me protegeria dos olhares curiosos por trás daquelas muradas.
- Se você continuar gritando como uma Livre assim, não vai mesmo!! Shhh Igor!! Não precisava ter vindo.. agora ao menos vigie a estrada.
São poucas as coisas de que me lembro ter passado desde que a vi.. Desde então soubera que ela era uma livre.. filha de um comerciante poderoso de Turia. Um homem que havia morrido num ataque da minha gente. Uma retaliação pelo ataque de outros tempos. Somos assim. Olho por olho, dente por dente... Havia se passado 1 ano desde o dia do lago. Ficava sempre pelas voltas da murada escondido. Agora, havia decidido que ia entrar.. Ia vê-la novamente, custasse o que custasse. Retirei o gancho que trazia na cintura, preso a corda e me preparava para lançar.
- Pare com isso Yanko!!! Já possui Saphir. É uma boa escrava Muitos do camp a queriam e você a ganhou.
- Eu a quero, Igor.. quando vai entender!? Você tem Kalandra.. tem a promessa de se tornar FC dela, eu quero ela.. – apontava para a murada.
Igor, meu primo, sabia que não conseguiria arrancar da minha cabeça a idéia de ter a turiana. Era como se eu estivesse tomado por um feitiço dos espíritos das árvores que me cegava inteiro e me fazia ver apenas a maldita mulher. O gancho prendia na paliçada e subi. Igor não me deixaria entrar sozinho e subia logo atrás. Caímos do lado de dentro da cidade. Eu não saberia descrever aquela imensidão de pedras. Me senti sufocado e imaginava que tipo de gente preferia viver naquelas prisões. Corríamos pelas sombras nos valendo da noite que escondia boa parte das vielas. Corremos ate o que parecia ser a casa do Tio da turiana. Eu já havia dado um jeito de espiar por cima da murada o caminho que o homem fazia quando retornava para casa. Mais uma vez pulamos os muros para dentro do jardim. Então a vi novamente.
- Nos vamos morrer aqui dentro e eu não vou ter o meu contrato por sua culpa, Yanko!
Eu ria. Não havia como não rir do desespero de Igor. Ele se preparara para unir-se a Kalandra, filha de um dos Haruspex do camp, durante toda a infância e adolescência. E agora estava ali, dentro das muradas de uma grande cidade, passível de ser capturado quem sabe morto ou vendido como escravo em alguma feira, porque eu havia me encantado com a visão da deusa das águas. Mas viver sem pensar nas conseqüências sempre fora o meu ponto fraco.
- Shhhhhh.. seu bosk torto.. ou vão nos encontrar.. olhe!! Ali.. saindo com a escrava. É ela.
Era a visão mágica de vê-la saindo da casa para os jardins. Sorria e eu não tinha idéia do pelo que ela sorria tanto. Estava sem o véu.. E nem que eu quisesse minhas pernas conseeguiam mover-se naquele momento.
- Pelos espíritos do céu, ela é realmente bonita.. Kalandra é mais
Jamais permita que dois adolescentes desmiolados e descuidados se metam a esconder-se numa cidade inimiga. Igor descuidava-se e tropeçava em uma das pedras que faziam a base das palmeiras do jardim.. o Pedregulho rolava fazendo um grande ruído, despertando a atenção da Turiana e da escrava.. Eu travava os dentes, queria mata-lo! Batia nele como podia tentando não fazer mais barulho;
- Quem está ai?!
Ela perguntou assustada, segurando-se na escrava.. A voz. Por pouco eu não cometi a burrice de dizer a ela quem eu era. ... respirei fundo e Igor tampou-me a boca em um ato de lucidez..
- Não ouse conversar com ela!!! – Ele dizia entre os dentes ao meu ouvido.
Ele estava certo. Eu não podia mostrar-me, nem deixar que ela desconfiasse da existência de dois tuchuks em seus jardins.
- Squiiiiiiiiiiiiiiiiissshh..
Tudo bem, sei que não foi a mais sabia das idéias, mas imitei o som de um urt. Sacodi as folhagens para que ela imaginasse se tratar de um daqueles roedores. Ela gritava de susto, agarrava-se à escrava e correram para dentro. Eu tentei ainda sair dali e ir ate ela.. era tão simples. Eu so tinha que joga-la mos ombros e correr. E provavelmetne ser apanhado antes mesmo de pular o muro de volta. Igor me segurou e pelo manto saia me puxando para os muros novamente. Pulamos.. e voltamos a correr pela viela, a tempo de sermos vistos a saltar pela casa. Raphar, primo dela, descobria que não era apenas um Urt.. mas dois, e que rondavam para roubar em seu jardim. Ainda virei para trás a tempo de ver seus olhos novamente. Ela estava assustada e sequer pode ver meu sorriso por baixo da mascara que usava. Apenas o azul cintilante dos meus olhso sobre ela. .. corremos para fora o mais rápido que pudemos. Derrubando barris, caixotes, barracas de feira, empurrando pessoas que seguiam para suas casa. Sob os gritos de raphar e os hmens de seu tio. As flechas que eles atiravam passavam tão rentes a meu ouvido que não teria trabalho algum em ter um brinco enfiado neles. Corríamos pra salvar a nossa pele.. nossa vida e assim conseguimos sair pelos portões. O manto de igor rasgava nos portões, deixando para trás parte do tecido.. e nos ganhamos o refugio das arvores quando seguimos para as paragens novamente. Entre risos de minha parte e xingamentos de Igor, estávamos a salvo e ofegantes
- Eu vou Mata-lo Yanko!!!
Igor estava irritado. O manto fora presente de sua pretendida, e estava destruído. Eu só conseguia rir. Ria de tudo. Do céu, das estrelas que cintilavam sobre nos. Do cheiro de mato.
- Ela vai ser minha Igor.. minha..
Abria os olhos despertando do sonho. O peito ofegante parecia sentir na pele ainda o vento e o ruído das flechas de anos atrás. Estavam chegando os jogos.. só precisava esperar mais um pouco.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Os jogos de Amor e Guerra - Parte II

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Os jogos de Amor e Guerra

A Scar da Coragem

Eu ja havia aprendido a arte da caça, e do trato com kaiilas. Então um dia o deus do ceu olhou para mim.
Eu estava no pasto, havia levado o rebanho do meu pai para se alimentar. Caminhei por algumas ahns pelas paragens e segui até o rio. Haviam ruidos vindo de tras das pedras da cachoeira. Eu me esguerei lentamente pelas folhagens para conseguir ver do que se tratava. Então a vi pela primeira vez. Era como a visão que os singers contam. A deusa das águas que se banhava ao sol de Gor. Eu jamais havia visto uma mulher como aquela. A pele dourada, os olhos de um azul tão intenso e celeste. Era como se os pedaços do céu estivessem cravados em seu rosto. Os cabelos negros como a crina de um kaiila.. ela cantava uma velha canção e sua voz era doce como o sibilo dos passaros. Eu fiquei algum tempo sem conseguir me mover. Apenas tendo a visão dela a se banhar. Então o grito. O grito alto e forte que me tirava dos meus devaneios e assustava a ela que saia da água buscando algo para se vestir. Era um ataque.
Enquanto eu estava a cuidar do rebanho de meu pai, o segundo de Kantuek era atacado com o rebanho de sua familia. O rugir alto denunciava o ataque. Era um Larl. O animal avançava contra os bosks enquanto o Segundo de Kantuek tentava espanta-lo. gritava pela ajuda dos guerreiros mas a maioria havia partido para a caça ao sal. Eu estava paralizado pela agilidade e beleza do animal. A habilidade que ele derrubava os bosks e seguia para a vitima que tentava afugenta-lo. Eu tinha que derruba-lo antes mesmo que ele se voltasse ao rebanho de minha familia. Saquei a lança e parti para cima do animal. O grito de guerra tuchuk que rasgava a minha garganta quando eu saltava entre as folhagens. Não sei o que pensei na hora do salto. Lembro bem dos olhos da fera se voltando para mim.. e suas presas se exibirem tão brancas quanto o leite de verr.
O Larl virava-se para mim.. meu primeiro ataque fora em vão. O dele me pegava em cheio. A pata gigantesca me acertava a lateral do corpo. Me jogava entre as pedras. Sangue, dor e marcas. Minha primeira cicatriz não era a do rosto.. mas a do peito que abria. Eu me ergui, acredito que pelo medo de morrer, ou porque o deus do ceu ouviu as minhas preces para abençoar minhas armas e me ajudar a proteger o gado. A lança estava partida. restava a minha Queeva. A certeza de que a morte me seria o consolo me fez saltar mais uma vez para cima do animal que se entretinha com o segundo de Kantuek. Rasgava o abdomem dele. Eu pulei. grudei-me ao pelo do larl, prendendo os pes em seu corpo. Ele se debatia, grunia e meu corpo pulava no ar, preso apenas pelos braços ao pescoço do animal. Era o momento entre o sacolejar da cabeça e do corpo tentando me jogar longe, eu finquei a Queeva no pescoço do animal.. uma, duas, tres vezes. O Sangue esguichava, molhava meu rosto o chão, misturava-se com o sangue dos bosk que ele havia matado. com o meu proprio que escorria do peito.
Golpeei o Larl ate que ele não resistia mais e tombava comigo ao chão. Ele tombava sem vida.. eu preso a ela por um fino fio. O que lembro daí são fragmentos. O rosto da deusa da água que surgia em frente ao meu. A voz doce que falava algo que eu não compreendia. As vozes dos guerreiros. O choro da minha mãe pelo meu estado. As ervas e poções do meu pai cuidavam para que os pks não me levassem. Havia salvo mais da metade do rebanho e a vida do segundo filho de Kantuek. Havia garantido o meu direito pela scar da coragem.
A cerimonia se deu dias depois. Quando meu estado de saude ja estava melhor. Seria dificil relatar aqui o que acontece. As sensações. O estar dentro do vagão do mestre das cicatrizes. O calor do fogo, o cheiro do estrume que se mistura as ervas e tintas. O corte no rosto e aquela pasta que era colocada. Nada se compara. Nada lhe da mais orgulho. Nem a dor, nem a febre, nem a infecção. Nada lhe tira o gosto de ter aquela marca ao rosto. Nada llhe tira o orgulho de ouvir de teu pai o teu nome. Yanko.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O Começo

Meu pai era um Haruspex, um homem das ervas e poções. Um homem sábio que lia no figado de verr e sangue de bosk o que os espiritos do céu queriam dizer sobre o futuro do meu povo. E foi com ele que aprendi a ler os sinais, o vento, as estrelas.. a entender o que o sacrificio queria mostrar através do sangue e das viceras. Aprendi o oficio da dor e da morte. Por conta de meu tio, Kankaliauaki aprendi a arte da tortura para aplicar os ensinamentos de dor e morte que meu pai me passara. Me tornei bom no que fazia.
Muitas coisas e passagens aconteceram ate o dia decisivo. Talvez os diga aqui quando relatar meus sonhos... talvez eles mereçam ficar no vale do esquecimento.
Me chamo Yanko de Kankarvek dos Tuchuks. Sou um Haruspex-Torturador e iniciei o meu legado em nome da minha vingança pessoal.