quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A Scar da Coragem





Entre os do meu povo, até que você consiga se mostrar digno e provar que sua vida vai prevalecer, você é um sem nome. Nomes são sagrados. Não devem ser disperdiçados com alguem que não se sabe se durará até o proximo Se'Var. Eu nasci de um Haruspex e uma Guardiã do Tempo, ate minha adolescência fui tratado como o primeiro filho de Kankarvek. Até provar que eu era merecedor de ter um nome dado pelo meu pai, meus pequenos feitos eram desprezados com zombaria dos meus irmãos. Um homem sem marcas não tem do que se orgulhar. É como se o deus dos ceus não olhasse para ele.

Eu ja havia aprendido a arte da caça, e do trato com kaiilas. Então um dia o deus do ceu olhou para mim.

Eu estava no pasto, havia levado o rebanho do meu pai para se alimentar. Caminhei por algumas ahns pelas paragens e segui até o rio. Haviam ruidos vindo de tras das pedras da cachoeira. Eu me esguerei lentamente pelas folhagens para conseguir ver do que se tratava. Então a vi pela primeira vez. Era como a visão que os singers contam. A deusa das águas que se banhava ao sol de Gor. Eu jamais havia visto uma mulher como aquela. A pele dourada, os olhos de um azul tão intenso e celeste. Era como se os pedaços do céu estivessem cravados em seu rosto. Os cabelos negros como a crina de um kaiila.. ela cantava uma velha canção e sua voz era doce como o sibilo dos passaros. Eu fiquei algum tempo sem conseguir me mover. Apenas tendo a visão dela a se banhar. Então o grito. O grito alto e forte que me tirava dos meus devaneios e assustava a ela que saia da água buscando algo para se vestir. Era um ataque.

Enquanto eu estava a cuidar do rebanho de meu pai, o segundo de Kantuek era atacado com o rebanho de sua familia. O rugir alto denunciava o ataque. Era um Larl. O animal avançava contra os bosks enquanto o Segundo de Kantuek tentava espanta-lo. gritava pela ajuda dos guerreiros mas a maioria havia partido para a caça ao sal. Eu estava paralizado pela agilidade e beleza do animal. A habilidade que ele derrubava os bosks e seguia para a vitima que tentava afugenta-lo. Eu tinha que derruba-lo antes mesmo que ele se voltasse ao rebanho de minha familia. Saquei a lança e parti para cima do animal. O grito de guerra tuchuk que rasgava a minha garganta quando eu saltava entre as folhagens. Não sei o que pensei na hora do salto. Lembro bem dos olhos da fera se voltando para mim.. e suas presas se exibirem tão brancas quanto o leite de verr.

O Larl virava-se para mim.. meu primeiro ataque fora em vão. O dele me pegava em cheio. A pata gigantesca me acertava a lateral do corpo. Me jogava entre as pedras. Sangue, dor e marcas. Minha primeira cicatriz não era a do rosto.. mas a do peito que abria. Eu me ergui, acredito que pelo medo de morrer, ou porque o deus do ceu ouviu as minhas preces para abençoar minhas armas e me ajudar a proteger o gado. A lança estava partida. restava a minha Queeva. A certeza de que a morte me seria o consolo me fez saltar mais uma vez para cima do animal que se entretinha com o segundo de Kantuek. Rasgava o abdomem dele. Eu pulei. grudei-me ao pelo do larl, prendendo os pes em seu corpo. Ele se debatia, grunia e meu corpo pulava no ar, preso apenas pelos braços ao pescoço do animal. Era o momento entre o sacolejar da cabeça e do corpo tentando me jogar longe, eu finquei a Queeva no pescoço do animal.. uma, duas, tres vezes. O Sangue esguichava, molhava meu rosto o chão, misturava-se com o sangue dos bosk que ele havia matado. com o meu proprio que escorria do peito.

Golpeei o Larl ate que ele não resistia mais e tombava comigo ao chão. Ele tombava sem vida.. eu preso a ela por um fino fio. O que lembro daí são fragmentos. O rosto da deusa da água que surgia em frente ao meu. A voz doce que falava algo que eu não compreendia. As vozes dos guerreiros. O choro da minha mãe pelo meu estado. As ervas e poções do meu pai cuidavam para que os pks não me levassem. Havia salvo mais da metade do rebanho e a vida do segundo filho de Kantuek. Havia garantido o meu direito pela scar da coragem.

A cerimonia se deu dias depois. Quando meu estado de saude ja estava melhor. Seria dificil relatar aqui o que acontece. As sensações. O estar dentro do vagão do mestre das cicatrizes. O calor do fogo, o cheiro do estrume que se mistura as ervas e tintas. O corte no rosto e aquela pasta que era colocada. Nada se compara. Nada lhe da mais orgulho. Nem a dor, nem a febre, nem a infecção. Nada lhe tira o gosto de ter aquela marca ao rosto. Nada llhe tira o orgulho de ouvir de teu pai o teu nome. Yanko.

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